Os 50 anos do Patinho Feio e a inovação que fez história | Em 24 de julho de 1972, uma equipe de professores e estudantes da Escola Politécnica da USP tornava realidade o primeiro computador brasileiro.

Um incrível trabalho de equipe, dedicação, competência, ousadia e visão de futuro. A junção desses elementos foi responsável por criar 50 anos atrás o primeiro computador brasileiro. No dia 24 de julho de 1972, era feita a apresentação do equipamento batizado de Patinho Feio – em oposição ao projeto análogo então em andamento que havia recebido o nome mais pomposo de Cisne Branco.

Com uma memória principal de 4Kbytes, o Patinho Feio não tinha tela, mas um painel de luzes que indicava o fluxo de informações e funcionava com um teletipo acoplado a ele. Desenvolvido por professores e estudantes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), havia sido proposto como trabalho final de um curso de pós-graduação ministrado, em 1971, no Laboratório de Sistemas Digitais (LSD).

Criado do zero, o computador exigiu imensa criatividade e foi um marco de inovação para a engenharia nacional. Conforme relata o documentário “A história do Patinho Feio”, tratava-se de algo novo, feito totalmente a partir de componentes eletrônicos e, obviamente, não havia softwares disponíveis que rodassem na máquina, o que demandava o desenvolvimento de tudo “na unha, na marra”.

Um dos recursos usados era gravar programas em cartões perfurados, lembra o líder do projeto, professor Hélio Guerra, que depois viria a ser diretor da faculdade e reitor da instituição. Figura admirada no mundo da engenharia, ele já recebeu inúmeras justas homenagens, entre as quais o Prêmio Personalidade da Tecnologia na categoria “Informática”, em 1992, concedido pelo SEESP. Também integra o Conselho Tecnológico do sindicato, sendo um parceiro fundamental da entidade e da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE).

Ao celebrar o Patinho Feio, cabe a reflexão sobre o caminho que então foi aberto ao Brasil e a necessidade urgente de recuperação, avanços e ganhos de competitividade à indústria nacional. Esse é ponto essencial para que o País possa efetivamente encontrar o caminho da prosperidade e do bem-estar social, como temos defendido no âmbito do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”.

Como esse feito de cinco décadas demonstra, não faltam à engenharia vontade e capacidade de superar desafios, mas é preciso que haja meios para que o trabalho seja realizado. Elemento fundamental é o incentivo à ciência e à tecnologia, com a destinação de recursos à pesquisa e ao ensino. Esse deve ser compromisso dos governos e dos parlamentos e preocupação geral da sociedade.

Clique aqui e leia mais artigos de Murilo Pinheiro.