O salário de fome

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João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical entidades de trabalhadores - e-mail: joguvane@uol.com.br

Matéria de destaque no Valor, assinada por Sergio Lamucci e Marsilea Gombata (dia 14/06) denuncia que o salário mínimo é insuficiente para comprar uma cesta básica.

Um sociólogo poderia dizer que a cesta básica é um conceito abstrato que mede se o poder de compra do salário mínimo consegue suprir as necessidades alimentares básicas de uma pessoa durante um mês.

E então, como ficamos? O Cesta Básica Futebol Clube venceu o Unidos do Salário Mínimo para desencanto de ambas as torcidas com uma derrota tão mais acachapante se considerarmos a tragédia do desemprego quando uma cesta básica deve alimentar (por exemplo) uma família com pelo menos três pessoas (uma delas com rendimento do trabalho e as outras duas sem).

Nesta situação para materializar o que deve estar acontecendo fiz as contas e cheguei ao seguinte: três pessoas fazendo duas refeições por dia durante um mês se alimentam em cada uma delas com um bifinho de 30g, duas colheres e meia de leite, 80g de feijão, arroz e farinha, 50g de tomate, uma fatia de pão de 30g, meia banana, uma colher de sopa de açúcar, uma colher de chá de óleo e 4g de manteiga, menos que uma colherinha. E com isto já se consumiu o salário mínimo, que nem dá para tanto, agora.

Resta o resto da vida: moradia, transporte, roupa, educação, saúde, lazer e tudo o mais.

Nesta exiguidade o peso da inflação é tremendo, principalmente para 30% de trabalhadores formais e 60% de informais que ganham apenas o salário mínimo.

A inflação, a carestia, o custo de vida – qualquer nome que se adote é inimigo mortal de milhões e merece ser combatido por quem ainda o pode fazer: o movimento sindical e os movimentos populares que devem acordar para o pesadelo.

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