O nacionalismo e a luta pelo País

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Walter dos Santos é presidente do Sindicato dos Comerciários de Guarulhos e Região

Assistimos ao povo ucraniano defendendo o seu país, cidadãos comuns vão às ruas para montar barricadas contra tanques russos e, literalmente, dão a vida. São atitudes corajosas e demonstram amor ao país, um nacionalismo levado às últimas consequências e que faz pensar.

O nacionalismo é uma ideologia política. Ele se mostra, entre outras formas, pelo patriotismo, que envolve a utilização dos símbolos nacionais, da bandeira, hino nacional, etc. Quando o nacionalismo é exagerado, damos a isso o nome de ufanismo.

Mas toda essa doação vale a pena? Não há dúvidas de que precisamos lutar pelo país, por nossos direitos, mas devemos brigar tanto para manter um governo no poder? Quando olhamos a história do Brasil, verificamos que já tivemos governos de todos os aspectos e, várias vezes, nossos cidadãos lutaram por eles até com a vida.

Apenas nos últimos setenta anos, vimos várias campanhas que fizeram o país trabalhar em prol da agenda do governo de plantão. Durante o regime militar, slogans ufanistas como “Ninguém segura este país” e “Brasil, ame-o ou deixe-o”, além das músicas com refrão “Eu te amo, meu Brasil, eu te amo; “Este é um país que vai pra frente (…)”, foram repetidas à exaustão. Muitos aderiram à campanha “Ouro para o Bem do Brasil” e doaram ouro para o governo. Também havia a campanha “A Amazônia é nossa”. Décadas antes, no governo de Getúlio, vimos a campanha do “Petróleo é Nosso”, com o surgimento da Petrobras.

As pessoas discutiram e brigaram por isso. Passados todos esses anos, lutamos tanto, aí chegou Bolsonaro ao poder e o que estamos vendo é a Amazônia em chamas, a madeira indo embora, a gasolina que vem do nosso petróleo sendo cobrada em dólares, o gás vendido à prestação de tão caro que está.

Vale a pena brigar com o nosso colega de trabalho, com o nosso vizinho, com o nosso familiar por causa do Bolsonaro, do Lula ou de qualquer outro governante? Isso é ser nacionalista?

A questão é que esses caras passam. Não existe essa história, como disse Bolsonaro outro dia, de que a próxima eleição será o bem contra o mal. Brigamos por ideais que eles nos pautam e quebramos a cara. O povo tem que defender o país, esse fica. Presidentes, como da Ucrânia, da Rússia, do Brasil, passarão e daqui a cinquenta anos, pouco do que fizeram restará, porque vários outros virão e farão diferente, como acabei de mostrar na questão da Petrobras e do petróleo. É lógico que alguns deixam um legado para o povo, o próprio Getúlio nos deixou a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, que está sendo retalhada atualmente, a Vale do Rio Doce, que Fernando Henrique Cardoso vendeu a preço de banana, e a Petrobras que também já está indo para o ralo.

Por isso, precisamos lutar pelo nosso futuro, pelos nossos direitos e pelo nosso país, mas não devemos perder a nossa vida por pessoas e governos passageiros.

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