22.5 C
São Paulo
sexta-feira, 17/05/2024

Deforma trabalhista – João Guilherme Vargas Netto

Data:

Compartilhe:

Notícias alvissareiras chegadas da Espanha precipitaram aqui, nos mundos político, empresarial e sindical, a discussão sobre o cancelamento da deforma trabalhista de Temer, o que teve a grande virtude de colocar o mundo do trabalho no centro das preocupações com os adversários dos trabalhadores, abrindo seu jogo reacionário.

Na busca de informação precisa sobre a iniciativa do governo socialista espanhol, ressalte-se a conferência virtual e presencial organizada pela Fundação Perseu Abramo, da qual participaram políticos daquele país, o ex-presidente Lula e dirigentes das Centrais Sindicais.

Tenho escrito que a deforma trabalhista de Temer (agravada em seus procedimentos e efeitos pelo governo Bolsonaro) foi uma ruptura, depois de várias décadas, do pacto existente entre a sociedade brasileira e o movimento sindical. Para sua revogação ou revisão torna-se necessária uma nova repactuação.

Esta repactuação depende fundamentalmente da realização, pelo movimento sindical, de uma nova Conclat – Conferência Nacional da Classe Trabalhadora – na qual os trabalhadores apontassem para si próprios, para a sociedade, para os políticos e os candidatos uma plataforma de reivindicações, urgentes e permanentes, bem como sua disposição unânime em contribuir para superação da crise nacional.

Ao fazer isto estabeleceriam também as bases de uma legislação trabalhista e sindical avançada (a ser discutida no modo tripartite com empresários e governo), que garantisse os direitos constitucionais e ampliasse os infraconstitucionais (como a política de valorização do salário mínimo), enfrentando as questões suscitadas pela própria deforma, pelas novas relações de trabalho, pela informalidade, pelo desemprego e a pandemia.

A Conclat reforçaria também a participação dos trabalhadores na escolha e eleição de candidatos a deputados e senadores afinados com seus interesses. Sem uma bancada unida e favorável, seria muito difícil a revogação ou revisão da deforma e de seus efeitos nefastos.

Em resumo: para superar o voluntarismo e o açodamento nesta questão, exige-se Conclat representativa, plataforma unitária, bancada progressista e legislação trabalhista avançada.

Clique aqui e leia mais artigos de João Guilherme Vargas Netto.

João Guilherme
João Guilherme
Consultor sindical e membro do Diap. E-mail joguvane@uol.co.br

Conteúdo Relacionado

Cabeça de bacalhau – João Guilherme Vargas Netto

Todos estamos contentes com os resultados dos últimos acordos e Convenções Coletivas de Trabalho em que 86% delas superaram a inflação com ganhos reais,...

Natureza e catástrofes – Josinaldo José de Barros (Cabeça)

O Sindicato agradece os apoios à Campanha “SOS Rio Grande do Sul”. Já arrecadamos boa quantidade de produtos na sede e Clube de Campo....

Engenharia de Manutenção para evitar tragédias – Murilo Pinheiro

A catástrofe no Rio Grande do Sul evidencia a fundamental necessidade de trabalho de prevenção e conservação feito regularmente, com planejamento e por quadro...

Solidariedade às vítimas do RS – Miguel Torres

Engaje sua entidade nesta corrente do bem! A catástrofe ambiental no Rio Grande do Sul comove o Brasil e o mundo. Neste momento difícil, sobressai...

Protagonismo do trabalhador na luta contra o neofascismo argentino – Adilson Araújo

O governo do neofascista Javier Milei é adorado pela oligarquia financeira internacional e, compreensivelmente, tem o apoio do FMI, cuja diretora de comunicação, Julie...